terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A cura da filha de Jairo

Era década de 50, numa fazenda do interior de Minas Gerais uma mãe colocava seus 8 filhos para dormir. A casa era grande, muitos quartos, não havia energia elétrica. A mãe visita filho por filho em suas camas, cobre-os e certifica-se que está tudo bem com cada um deles, para mais uma tranquila noite de sono.
Ao caminhar para seu quarto, avista clarões projetados na parede. São labaredas de fogo em um dos quartos. A mãe é a primeira a chegar e ver sua filha de cinco anos de idade em chamas. O que fazer? Gritar? Desmaiar? Chorar? Antes de qualquer coisa o instinto materno a leva a se jogar sobre a filha com um cobertor para apagar o fogo.
Começa agora o tormento de uma garotinha que, por se encantar com as cores da chama da vela, teve sua roupa e corpo incendiados. Não havia hospital para interná-la, os remédios eram raros. A família deu o único remédio que tinha: o amor. Pobre menininha, tão pequena e fraca naquela cama, sem poder brincar com os irmãozinhos no terreiro da casa. Cada dia mais fraca, mais magrinha. Quando o doutor vinha, pedaços de sua abdômen, em decomposição, eram retirados e enterrados. Quando precisava ser levada à cidade, só podia ir com berço e tudo, de trem.
Tudo que aqueles pais desejavam era vê-la bem e curada, sendo uma criança normal, como as outras.
 Numa das visitas que o médico fez,  aconselhou a mãe a dedicar-se aos demais filhos, pois a garotinha não teria salvação. No entanto, a mãe sabia que poderia entregar seu medo de perder a filha a Deus e caiu de joelhos, desesperada. Minutos depois o médico voltou, pois se lembrara de uma pomada que talvez ajudasse. Assim, Deus consentiu as orações dessa mãe desesperada: após a primeira vez do uso da pomada, já ouve sinais de melhora, a menina voltou a alimentar-se e  foi se recuperando. Cresceu e constituiu uma família feliz.
Essa é uma história real, da minha família, essa menininha que tanto sofreu numa época quase sem recursos era minha tia Ione, hoje falecida há um ano, após lutar com muita fé contra três cânceres. Quando esse acidente aconteceu, meus avós já haviam perdido uma filha de dois anos de idade com crupe, doença sem cura na época.
Tia ione e seu marido Lauro. Cerca de 60 anos depois do acidente

Histórias como essa talvez não sejam tão comuns hoje em dia, mas há algumas décadas atrás, devido ao pouco desenvolvimento da medicina, falta de vacinas e remédios, muitas crianças morriam. Mais ou menos assim era o caso da filha de Jairo.
Jairo era um homem importante, um dos mais respeitados da cidade. Tinha uma posição de destaque, era líder da sinagoga, tinha uma situação financeira boa, empregados a sua disposição.
Talvez Jairo fosse um homem muito senhor de si, as altas posições sociais exercem muito poder sobre as pessoas e as fazem pensar que são superiores. Era um talentoso orador, quando começava a falar as pessoas calavam-se para ouvi-lo. Quando andava pelas ruas, todos abriam passagem para ele, quando precisava de algo era só dar ordens aos seus empregados que, logo, iam fazendo sua vontade.
Qualquer um na posição de Jairo se sentiria profundissimamente tentado a ser arrogante, prepotente e jugar-se melhor que outros, ainda que lute contra isso.
Entretanto, os problemas vêm para todos, ricos, pobres, bonitos, feios, cultos, incultos, famosos, desconhecidos. Todos passam por problemas e dificuldades, pois se não, seria injusto. Às vezes  achamos que algumas pessoas têm mais problemas que outras, mas talvez não, a única diferença está na forma em que cada um lida com as dificuldades.
A dificuldade de Jairo era terrível. Provavelmente preferia que fosse com ele, mas não era: sua filha, ainda uma menina, estava adoentada há algum tempo e agora estava à beira da morte.
A doença deveria ser muito perigosa, pois pessoas do nível social de um chefe de sinagoga tinham dinheiro para recorrer a médicos e remédios de ponta. Todavia,  isso não resolveu. Era um líder religioso, dedicado, fiel, provavelmente impôs as mãos sobre ela, orou, clamou a Deus pela cura, mas a menina continuava enferma. Que desespero!
Não havia mais nada a fazer, só esperar a vontade de Deus e Ele tinha enviado Jesus para perto de Jairo.
Jesus era o homem mais polêmico da época: dizia ser o filho de Deus, mas não tinha nem casa para morar. Maravilhava as multidões, mas andava em companhia de prostitutas, mendigos, ex-viciados. Pregava o bom caminho, mas era perseguido pela polícia. O que pensaria de um homem assim um religioso tradicional e obediente à Lei?
- Um dos pensamentos seria este: O que os crentes da minha igreja vão pensar de mim se me virem junto desse homem?!
- Vou dar mau  testemunho se me aproximar dessas pessoas de má fama.
- Não posso provocar escândalo então é melhor não correr o risco de estar com esse grupo de pessoas.
O preconceito e a descrença era a linha que separava sua filha da cura. A religiosidade significava perder sua filha, arriscar com Jesus poderia ser perder sua religião. Desde pequeno instruído nas leis judaicas, deixar sua crença queria dizer trair sua religião, trair os ensinos da sua família, a tradição de seu povo.
Imagine o dilema de Jairo: de um lado estava um pai desesperado, que via sua filhinha amada morrendo, de outro, o líder de uma igreja, que até hoje não acredita em Jesus. Ao mesmo tempo em que ele era um homem instruído, rico, queria pedir ajuda a um andarilho.
Deus usa as coisas loucas desse mundo para confundir as sábias. O que parece loucura para alguns é poder de Deus e Deus queria ver aquele homem aos pés de Jesus. Jairo podia enviar um servo para procurar Jesus, chamá-lo em secreto, em casa, sem dar motivo para ninguém ficar escandalizado, comentando seu ato, no entanto, Jairo foi pessoalmente, havia uma multidão com Jesus, isso poderia fazê-lo voltar a trás, contudo, Jairo foi, jogou-se aos pés do Salvador, implorando que levasse vida a sua filha, a sua casa. Toda multidão assistiu a um dos homens mais poderosos da cidade se humilhar aos pés de um homem simples, se entregando a uma nova religião chamada cristianismo. A 1ª declaração pública no trecho bíblico*(* A 2ª  foi quando o caminho da casa de Jairo a mulher doente há 12 anos é curada e Jesus insiste para que ela se revele publicamente e ela o faz.)
Jesus ouve com atenção o homem que, ainda sem saber como fazer um pedido ao filho de Deus, parece querer ensiná-lo como curar sua filha: pede que ponha suas mãos sobre ela. No caminho, Jairo já começa a ver a manifestação do poder de Deus, quando Jesus cura uma mulher, por ela somente tocar-lhe a barra de suas vestes. Ainda assim, Jairo acha que não há mais nada  a fazer, quando um dos seus serviçais chega e diz que a menina tinha acabado de morrer.
O que passou pela cabeça de Jairo naquele momento? Se Jesus não tivesse parado para descobrir quem o tinha tocado, se não parasse para conversar com aquela mulher, teria dado tempo... Jesus conhecendo não só os pensamentos, mas os sentimentos de Jairo, o acalma. Entram no quarto da menina, mas antes Jesus tem de mandar embora todos aqueles que escarneciam e caçoavam dele, quando disse que a menina dormia. A mãe, o pai, dois apóstolos e só, foram as testemunhas do milagre. Jairo esperava que Jesus curasse sua  filha, mas Jesus estava disposto a fazer mais, Ele a ressuscitou. Jesus sempre está disposto a fazer por nós, mais do que esperamos. A morte não é limite para Jesus, Ele a venceu tantas vezes, como nesse caso, ou quando ressuscitou Lázaro ou ainda quando venceu sua própria morte. Talvez você esteja morto por dentro. Suas emoções parecem mortas, não tem alegria, esperança de ser feliz. Talvez sua família pareça estar morta. O marido já não ama  a esposa, os filhos não obedecem e respeitam os pais, ou um dos pais abandonou o filho. Talvez os seus negócios estejam morrendo, a única coisa que você vê é o sepulcro da falência. Sua vida com Deus está se decompondo, mas Jesus é Senhor sobre a morte, Ele pode curar você, sua família, seus negócios, porém, acima de tudo Ele pode e quer curar, ressuscitar sua alma. Quando Jesus ressuscita alguém, quando ele  livra da morte eterna e a vida em abundância invade esse ser, esse não cabe em si, contagia tudo que está ao seu redor. Se você quer vida nova para alguém ao seu redor, encha-se você primeiro. A vida que Deus quer lhe dar não caberá só em você e atingirá a todos, pois essa vida é a vida eterna.
O que Jesus precisa ressuscitar em você hoje?
Talvez esteja faltando sua atitude de jogar-se aos pés de Jesus sem se preocupar com a multidão.

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